domingo, 17 de junho de 2018

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Congregação Cristã no Brasil

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Congregação Cristã no Brasil
OrientaçãoCristã protestante[1]
OrigemSanto Antônio da Platina, no Brasil desde de 1910(108 anos) como Assembleia Cristã
1936 (82 anos) como: Congregação Cristã no Brasil.
Localização Brasil
Número de membros2.289.634 (2010)
Países em que atua Brasil  Portugal  Estados Unidos  Itália  Canadá e outros 69 [2]
Congregação Cristã no Brasil[3][4] é uma igreja cristã não denominacional, a primeira a instalar-se em território brasileiro dentre as que são comumente classificadas como pentecostais.
A Congregação Cristã no Brasil tem sua origem nos Estados Unidos e está ligada as demais Congregações Cristãs em diversos países, mantendo comunhão com essas, por exemplo, a Congregação Cristã na Argentina, a Congregação Cristã na Itália e a Congregação Cristã nos Estados Unidos.[5] Atualmente, segundo o próprio relatório anual da comunidade religiosa, estima-se que a Congregação Cristã está presente em 73 países.[6] De acordo com o Censo realizado pelo IBGE em 2010, a Congregação Cristã figura como a 3ª maior denominação evangélica no Brasil, com 2,2 milhões de membros[7] e estima-se que tenha aproximadamente 20.000 templos espalhados pelas cinco regiões brasileiras, conforme o relatório anual.[6]
A Congregação Cristã no Brasil participou em 1927, na cidade de Niagara Falls, nos Estados Unidos,[5] da Convenção da Igreja Cristã Italiana da América do Norte onde foram definidos e adotados os 12 Artigos de Fé.[8] Já em 2003, foi celebrada a Convenção Internacional das Congregações Cristãs, estabelecendo princípios comuns de gestão eclesiástica, no entanto, sem haver organização nacional prevalecente uma sobre a outra.[9]

História

No início a, "CCB" chamava-se: Assembleia Cristã Reunidos Em Nome do Senhor Jesus. Até o ano de 1936, que ocorreu uma convenção e a CCB, se desliga da Assembleia Cristã, e hoje esta igreja se encontra na Argentina e outros países. (Com as mesmas doutrinas e algumas diferenças na liturgia).
Resultante de uma síntese entre elementos doutrinários de base protestante histórica presbiteriano-valdenseanabatista e o denominado Avivamento Pentecostal de Chicago(1908)[5], a Congregação Cristã apresenta-se, inicialmente, como um segmento adenominacional e categoricamente averso ao institucionalismo eclesiástico. Seu estabelecimento em terras brasileiras ocorre em 1910, em dois distintos núcleos: Santo António da Platina (PR) e São Paulo, capital.[10]

Origens em Chicago


Louis Francescon, considerado o percursor da Congregação Cristã no Brasil.
Em fins do século XIX, segundo relato de próprio punho, Louis Francesconancião da Primeira Igreja Presbiteriana de Chicago ("Prima Chiesa Presbiteriana Italiana di Chicago") adere ao batismo adulto por imersão (em oposição ao batismo por aspersão) [11].
Submetendo-se ao referido batismo, a ele ministrado pelos Irmãos de Plymouth, Francescon e alguns aderentes deliberam sair do sistema denominacional, rompendo com a anterior filiação presbiteriana, dando, assim, origem a uma comunidade livre que mais tarde seria chamada "Assemblea Cristiana Italiana di Chicago".[12]
Posteriormente, em 1907, vem a inteirar-se acerca de um movimento em voga em Chicago: a Missão Pentecostal (sob a liderança de William Durham[13] - 943 West North Avenue)[14]. Essa missão local consistia em uma extensão do avivamento iniciado em Los Angeles, Califórnia (Rua Azuza[15], no qual se relatava a experiência neotestamentária descrita como "Batismo do Espírito Santo" (cuja emblemática se pautava pelo "falar em novas línguas"[16][17][18]). Nesse mesmo núcleo estiveram presentes o sueco Daniel Berg(Assembleia de Deus) e a canadense Aimeé McPherson (Igreja do Evangelho Quadrangular[19]. Em visita à Missão Pentecostal (após convite emitido) Francescon teria recebido, conforme suas palavras,[11] uma confirmação de que o trabalho evangelístico ali desenvolvido dispunha do aval divino. Desse modo tanto Francescon quanto seus companheiros passam a frequentar as reuniões presidas por Willian Durham, sendo a sua maioria agraciada com o Batismo no Espírito Santo.
Em 15 de setembro de 1907, no entanto, regressam à "Assemblea Cristiana". Essa data, descrita por Francescon como "inesquecível dia" e por Pietro Ottolini como "um dia de sacra memória", testemunha um avivamento local, determinando o marco inicial daquele que os historiadores viriam a chamar de "Movimento Pentecostal Italiano" [12].

Início no Brasil


Congregação Cristã no bairro do Brás, em São Paulo na década de 50.
Em viagem missionária ao Brasil e como resultante de suas prédicas, Francescon efetua a 20 de abril de 1910 na cidade paranaense de Santo Antônio da Platina o primeiro batismo em território brasileiro. Na ocasião, foram batizados o italiano Felício Mascaro e mais dez aderentes. Depois, o pioneiro dirige-se a cidade de São Paulo, na qual confere o batismo a mais vinte pessoas, sendo estas de origem presbiteriana, metodista, batista e católica romana.
Em viagem de trem pela Estrada de Ferro Sorocabana, entre São Paulo e a pequena estação de Ourinhos, aberta em 1908, e Salto Grande, com destino a Santo Antonio da Platina, Louis Francescon tomou conhecimento que em Sorocaba havia um distrito por nome de Votorantim e que a colônia de imigrantes italianos era significante no vilarejo. Em Votorantim conheceu Angelo de Ciene e deixou a semente plantada, deixando com ele um hinário e uma Bíblia.
Louis Francescon voltou ao Brasil em 1918, e em Votorantim já encontrou os irmão reunidos numa casa na atual Rua Cel. Augusto Cesar Nascimento nº 38.
Além do italiano Angelo de Ciene, a família Ribeiro aceitou a nova religião. Eram duas famílias que formavam o primeiro grupo de oração na vila operária.
Começa a nascer em Votorantim a primeira Congregação Cristã no interior do Estado de São Paulo e a terceira no Brasil, espalhando para Sorocaba, Piedade, Salto de Pirapora e toda região circunvizinha de Votorantim.
Por perseguição da direção da fábrica de tecidos pertencente ao grupo S.A.Indústrias Votorantim, que não permitia barulho na vila, os irmãos passam a reunir-se fora da vila, em casa do irmão Benedito Ribeiro no começo da antiga Rua Vossoroca (que futuramente doaria o terreno onde hoje é a Congregação Central de Votorantim) e depois na casa de Piero Bozzon,e do Camolezzi ( pai de Ezequiel camolezzi). Como ensinara o irmão Louis Francescon e conforme o hinário deixado, todos cantavam só em italiano. A vila era quase totalmente composta de imigrantes italianos.
A trajetória da história da Congregação Cristã na cidade de Votorantim relata[carece de fontes] que os primeiros irmãos que iniciaram essa obra, trabalhavam na fábrica de tecidos e conheciam o José Thomaz da Costa, ou "Zé da Costa", um talentoso jogador de futebol que atuava pelo time Sport Club Savoia. E arriscaram convidá-lo a participar de um culto de oração,Zé da Costa concordou, mas com um trato: eles ficariam sócios do clube e assistiriam a ele (Zé da Costa) jogar. Todos concordaram, ficando sócios do clube e dois deles, Benedito Ribeiro e Louis Francescon, adentraram até o vestiário dos jogadores. Alí, enquanto Zé da Costa colocava seu material esportivo no corpo, eles oravam por ele. Foi o último jogo de José Thomaz da Costa. Os irmãos e nem ele, não foram mais ao campo. José Thomaz da Costa foi ungido ancião pelo Louis Francescon em 1931.
Além de Francescon, diversos outros expoentes do pentecostalismo ítalo-americanos também atuaram como missionários no Brasil, tais como Giacomo Lombardi, Luis Terragnoli, Agostinho Lencioni e Giuseppe Petrelli.
Francescon realizaria ainda mais dez viagens ao Brasil, sendo a última em 1948.

Desdobramentos

Para fins de uniformidade e respaldo teológico-doutrinário, convocou-se em 1927, de 30 de abril a 1º de maio, na cidade de Niagara Falls, NY (Estados Unidos da América),[8] a Convenção da Igreja Cristã Italiana da América do Norte,[20] na qual se definiram os "12 Articoli di Fede" (12 Artigos de Fé), posteriormente adotados pelas congêneres argentinas e italianas, e pela Congregação Cristã no Brasil, sob a designação de "Pontos de Doutrina e da Fé que uma vez foi dada aos santos".

Central de Guaianases em 1950
Durante os seus primeiros anos no Brasil, seus membros ou adeptos apresentaram-se informalmente como "Assamblea Cristiana Reuniti nel Nome del Signore Gesú" (Assembleia Cristã Reunidos em Nome do Senhor Jesus) ou "Congregazione Cristiana". A partir de 1928 deliberou-se pela adoção da designação Congregação Cristã do Brasil,[21] registrada em 30 de março de 1936. Já em 1962 efetuou-se a alteração atualmente em vigor, substituindo-se a contração "do" por "no" (Congregação Cristã no Brasil).
Majoritariamente italiana até a década de 1930, a Congregação Cristã veio a ampliar a sua membresia estendendo-a a outras etnias. Desde 1950 faz-se presente em todo território brasileiro e em todos os demais continentes. Em 2010, contabilizou 2.289.634 membros declarados (no Brasil), conforme o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [22][23][24]. Mais da metade destes se encontram nos estados de São PauloParaná e Minas Gerais. Outra grande parte se encontram nos estados da BahiaGoiás e Pernambuco.
Com sede administrativa estabelecida em São Paulo, capital (Brás), a Congregação Cristã no Brasil realiza anualmente a sua Assembleia Ministerial Geral (ou Reuniões Gerais de Ensinamentos - RGE), cujas finalidades, entre outras, são: a avaliação de seu atual estado e desempenho; a elaboração de estratégias e medidas interventivas e o estreitamento dos laços de unidade e cooperação entre os integrantes do seu corpo ministerial em exercício. Tais reuniões não são abertas a membros, mas somente para membros do conselho de anciães.
O templo, que faz parte da sede administrativa localizada no Brás, é onde são realizados os cultos. Com 19.028 m² é o 4º maior da capital paulista.[25]

Doutrina

Além da Casa de Oração, nela contém o Prédio Administrativo que trata de assuntos materiais e espirituais da Congregação, a Gráfica e Distribuidora.
Sede Administrativa da Congregação Cristã no Brasil, no bairro do Brás, em São Paulo; Com capacidades de abrigar 5.000 fiéis sentados
Os 12 artigos[26][27][28][29] de Doutrina e Fé professados pela Congregação Cristã em sua versão atualizada (com suas respectivas supressões e adendos):
Para fins de uniformidade e respaldo teológico-doutrinário, convocou-se em 1927, na cidade de Niagara Falls, NY (Estados Unidos da América),[8] a Convenção da Igreja Cristã Italiana da América do Norte,[20] na qual se definiram os "12 Articoli di Fede" (12 Artigos de Fé), posteriormente adotados pelas congêneres argentinas e italianas, e pela Congregação Cristã no Brasil, sob a designação de "Pontos de Doutrina e da Fé que uma vez foi dada aos santos"
  1. Crença na inteira Bíblia Sagrada, a qual é aceita como contendo a infalível Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus é a única e perfeita guia da fé e conduta, e a Ela nada se pode acrescentar ou d'Ela diminuir. É, também, o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê[30].
  2. Crença que há um só Deus vivente e verdadeiro, eterno e de infinito poder, criador de todas as coisas, em cuja unidade estão: o Pai, o Filho e o Espírito Santo[31].
  3. Crença que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a Palavra feita carne, havendo assumido uma natureza humana no ventre de Maria virgem, possuindo Ele, por conseguinte, duas naturezas, a divina e a humana; por isso é chamado verdadeiro Deus e verdadeiro homem e é o único Salvador, pois sofreu a morte pela culpa de todos os homens[32].
  4. Crença na existência pessoal do diabo e de seus anjos, maus espíritos, que, junto a ele, serão punidos no fogo eterno[33].
  5. Crença que o novo nascimento e a regeneração só se recebem pela  em Jesus Cristo, que pelos pecados foi entregue e ressuscitou para a sua justificação. Os que estão em Cristo Jesus são novas criaturas. Jesus Cristo, segundo a crença, foi feito por Deus sabedoria, justiça, santificação e redenção[34].
  6. Crença no batismo na água, com uma só imersão, em Nome de Jesus Cristo[35] e em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo[36].
  7. Crença no batismo do Espírito Santo, com evidência de novas línguas, conforme o Espírito Santo concede que se fale[37].
  8. Crença na Santa Ceia. Jesus Cristo, na noite em que foi traído, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: "Isso é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim". Semelhantemente tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: "Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós"[38].
  9. Crença na necessidade de se abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação, conforme mostrou o Espírito Santo na Assembleia de Jerusalém[39].
  10. Crença que Jesus Cristo tomou sobre si as nossas enfermidades. "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados"[40].
  11. Crença que o mesmo Senhor (antes do milêniodescerá do céu com alarido, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, os que ficarem vivos, serão arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar nos ares e assim estarão sempre com o Senhor[41].
  12. Crença que haverá a ressurreição corporal dos mortos, justos e injustos. Estes irão para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna[42].

Práticas


Existe uma padronização arquitetônica e de cor dos templos para fácil identificação dos seus membros
Conforme expresso nas seções subsequentes, a Congregação Cristã distingue-se do protestantismo convencional ou mesmo do pentecostalismo e derivados sob diversos aspectos. Dentre eles destacam-se o seu caráter declaradamente apolítico, sua defesa do sacerdócio universal, sua oposição ao dízimo e outras práticas vero-testamentárias, bem como sua oposição deliberada à mídia e sua grande ênfase na espontaneidade litúrgica e evangelística.[43]

Liturgia

Em seus cultos, a Congregação Cristã combina uma ordem pré-estabelecida com atividades espontâneas. Não havendo em seu seio a titularidade de pastor, de padre ou qualquer outra que indique liderança, os membros da Congregação Cristã acreditam na espontaneidade e em uma contínua predisposição à inspiração do Espírito Santo como o condutor de toda e qualquer ação referentes ao serviço de culto, incluindo-se a leitura e explanação do texto bíblico. Prioriza-se ainda a participação coletiva em detrimento de manifestações individualizantes[44], a exemplo do canto congregacional, em uníssono. Normalmente, facultam-se até três orações sucessivas no serviço de culto.[21]
Outra peculiaridade diz respeito à apresentação feminina. Todas as mulheres presentes (à critério das visitantes) devem cobrir-se com véu - em atenção à primitiva orientação apostólica (I Coríntios, 11:1-15). Conserva-se ainda a saudação seguida do ósculo santo (ao término das reuniões e entre pessoas do mesmo gênero). O recinto é divido em duas alas, sendo os assentos reservados para homens e mulheres. As orações de súplicas e agradecimento são feitas ajoelhadas.
Instrução Infanto-juvenil: Reuniões para Jovens e Menores
A partir de 1936 e por determinação de Louis Francescon foram implantadas em território brasileiro as denominadas "Reuniões para Jovens e Menores" (inicialmente chamadas "Escolas Dominicais") cujo modelo já em prática nas congregações norte americanas tinha por escopo a instrução e a formação infanto-juvenil. Relatórios da época declaram que tal iniciativa foi "proveitosa e abençoada"[45]. Seu conteúdo consistia basicamente em orações, cânticos e no exame supervisionado das Escrituras. Em conformidade com a milenar tradição valdense, crianças e jovens já alfabetizados procediam ao recitativo de versículos e fragmentos bíblicos memorizados de antemão individualmente ou em jogral. A presidência das Reuniões para Jovens e Menores bem como a leitura dos textos sagrados e sua prédica eram franqueados a auxiliares de ambos sexos.[46] Assim sucedeu, por exemplo, para com Rosina Balzano Francescon (esposa de Louis Francescon) em atuação por mais meio século junto ao núcleo inicial da "Assemblea Cristiana di Chicago" [47]. Atualmente, as Reuniões para Jovens e Menores transcorrem de forma correlata aos serviços regulares de culto, mantendo-se, todavia, os recitativos bíblicos e a solene oração do Pai Nosso.
Recentemente a Congregação adotou um ensino bíblico, que ocorre simultaneamente ao culto oficial, destinado a meninos e meninas menores de 12 anos. As responsáveis pelas escolas bíblicas são geralmente mulheres com um certo nível de instrução para exercer tal função. O serviço da escola bíblica ocorre paralelamente a liturgia dos cultos da Congregação. Durante o serviço da escola bíblica as meninas cobrem-se com o véu, o serviço é aberto em nome de Jesus, as crianças oram, cantam hinos, leem um pré-determinado trecho da Bíblia que é seguidamente explicado pela professora, e fazem atividades lúdicas como desenhar, pintar, montar quebra-cabeças, escrever um texto, responder perguntas sobre o tema lido, etc. O ensino bíblico não ocorre em todas as congregações, somente nas maiores devido a questão da elaboração do espaço físico. O ministério tem aprovado os frutos dos ensinos bíblicos às crianças, que são consideradas "o futuro da igreja".

Aspectos organizacionais-eclesiásticos

As atividades desenvolvidas pela Congregação Cristã encontram-se sob um corpo ministerial [44] devidamente organizado, cujas atribuições não preveem quaisquer rendimentos ou honorários de natureza salarial[48], distribuído segundo as necessidades locais e composto por anciãos e diáconos, que são assistidos por cooperadores do ofício ministerial[49].
Somente os anciãos e diáconos são ministros ordenados [50] uma vez que o corpo de cooperadores constitui uma classe ou ordem ministerial dando uma extensão representativa e adjunta ao presbitério.
Quanto à construção e manutenção dos seus prédios (chamados oficialmente de "casas de oração" devido a rejeição das nomenclaturas "templo" e "igreja") utilizam-se, na maioria dos casos, de voluntariado mobilizado em esquema de mutirão. Tarefas outras como portaria, limpeza, som, escrituração de livros e fornecimento de impressos são igualmente confiados a membros comuns e não assalariados.
A Congregação Cristã normalmente não possui um registro formal ou um controle das flutuações estatísticas de sua membresia, enfatizando-se o vínculo espiritual e particular entre o fiel e Deus[51]. Abstêm-se do dízimo ou valores contributivos estipulados como uma observância restrita ao Antigo Pacto (Velho Testamento), sendo as suas coletas e ofertas respaldadas pela voluntariedade e anonimato[52].
Modelo organizacional
A organização eclesiástica da Congregação Cristã no Brasil é uma forma adaptada do governo presbiteriano[53]: um grupo de igrejas locais são reunidas em uma "região administrativa", normalmente correspondente a um município nos estados onde a igreja é maior e vários municípios onde a Congregação é menor, presidida por um conselho de anciãos e um corpo administrativo. As regiões administrativas são agrupadas em "regionais", que por sua vez se concentram nas "assembleias estaduais". A instância é a "Assembleia Geral" que ocorre na congregação do Brás anualmente sempre no mês de abril.
Propostas, medidas ou quaisquer alterações organizacional-doutrinário é analisado pelo Conselho de Anciãos, sendo apresentadas em Assembleia Geral (anual).
Anciãos
Os Anciãos são responsáveis pelo atendimento da Obra, realização de batismossantas ceias, ordenação de novos obreiros (anciãos e diáconos), apresentação de Cooperadores do Ofício Ministerial, Encarregados de Orquestras e Cooperadores de Jovens e Menores, atendimento das Reuniões para Mocidade, encarregado de conferir ensinamentos à igreja, cuidar dos interesses espirituais e do bem-estar da igreja, entre outras funções.
Os anciãos são eleitos pelo Conselho de Anciãos, e ordenados por um dos anciãos mais antigos no ministério. A escolha é por aclamação durante o momento de oração desse conselho, de forma colegiada por consenso tido como iluminado pelo Espírito Santo.[54]
Anciãos Mais Antigos (Presidentes)
Os anciãos mais antigos geralmente são os quem tem maior tempo de ordenação, além de estarem em condições físicas e mentais compatíveis com o seu exercício do ministério da presidência, pois ao assumir, a maioria dos anciães já estão avançados em idade.
Os anciãos mais antigos atendem às reuniões estaduais, nacionais ou internacionais das congregações. Estas reuniões têm por objetivo tratar de assuntos de interesses das congregações, como ordenações de novos obreiros, entre outros.
A presidência só termina caso haja incapacidade física ou mental do presidente[49][6][55]
  1. Luiz Pedroso (1936–1948)
  2. Francisco Guilherme Romano (1948–1949)
  3. João Finotti (1950-1960)
  4. Rizzieri Lavander (1950–1952)
  5. Miguel Spina (1960–1991)
  6. Victorio Angare (1991–1995)
  7. Luís Sanchez Lorente (1995–1997)
  8. Elias de Camillis (1997–1999)
  9. José Nicolau (2000)
  10. Basílio Gitti (2001-2004)
  11. Jorge Couri (2005-2014)
  12. João Santin (2014-2016)
  13. Cláudio Marçola (2016-presente)
Outros Cargos e Funções:

Central de Campinas interior do estado de São Paulo.
  • Diácono - responsável pelo atendimento assistencial e material à igreja. É auxiliado por irmãs obreiras chamadas de "Irmãs da Obra da Piedade".
  • Cooperador do Ofício Ministerial - responsável pela cooperação nos ensinamentos e presidência dos cultos oficiais bem como pelas Reuniões de Jovens e Menores caso não haja um Cooperador de Jovens e Menores em sua localidade.
  • Encarregado de Orquestra (Locais e Regionais) - É o maestro da Orquestra. Designado para manter o bom andamento musical nos cultos, coordenar o ensino musical aos interessados e presidir os ensaios musicais (locais e regionais, respectivamente).
  • Cooperador de Jovens e Menores - responsável por atender as Reuniões de Jovens e Menores de sua comum congregação.
  • Irmã da Obra da Piedade - cargo semelhante ao de "diaconisa", sendo responsável pelo atendimento assistencial da irmandade, auxiliando o irmão diácono.
  • Músico - membro homem habilitado a tocar nos cultos e demais serviços. O sistema de ensino musical da Congregação é gratuito. Qualquer homem que frequente a igreja pode ingressar nos Grupos de Estudo Musical, em geral semanais, que visam habilitar o aluno a praticar o instrumento desejado. Para ingressar na orquestra (ensaios musicais e cultos de jovens e menores), é necessário estar em um grau avançado de habilidade no instrumento escolhido, no entanto, para tocar em cultos oficiais, batismos ou em reuniões de mocidade é necessário que o aprendiz seja batizado pela congregação. O músico é vinculado a um tipo de instrumento específico; se desejar trocar, deve consultar seu encarregado local, que leva o pedido à reunião ministerial da localidade para aprovação. Todo templo da Congregação no Brasil possui um órgão no qual tocam somente mulheres. Mulheres não podem tocar outros instrumento além do órgão e nem sempre podem participar dos cursos de música oferecidos gratuitamente nas igrejas, depende no entanto da região e da quantidade de organistas existente nesta região [56]. Entretanto, nas Congregações Cristã no exterior as irmãs musicistas fazem parte da orquestra e recebem aulas gratuitas na igreja (com exceção da França, Inglaterra e Paraguai, que seguem o sistema do Brasil) [56]. O músico (organista) é o único que leva o ministério consigo, em caso de mudança. Os demais ministérios pertencem à localidade de residência do ministro.
    • Organista - membro normalmente feminino habilitado a tocar o órgão nos cultos e nos demais serviços. O sistema de ensino é praticamente o mesmo aplicado aos músicos, com exceção ao fato que aulas de órgão nem sempre são providenciadas na igreja gratuitamente. As candidatas geralmente adotam o ensino privado, e normalmente é necessário um tempo maior de estudo e prática. As irmãs organistas tocam num sistema de rodízio, ou seja, uma organista a cada culto. No exterior, irmãos também são livres para tocar o órgão se assim escolherem.[56]
  • Examinadoras - são organistas mulheres, oficializadas, designadas para avaliar outras organistas aprendizes no processo de oficialização.
  • Auxiliar de Jovens e Menores - são jovens, homens ou mulheres solteiros, designados para preparar e organizar os recitativos (passagens bíblicas recitadas em jogral ou individualmente) em determinado momento do culto. Cuidam, ainda, da ordem e da organização durante a reunião de jovens e menores, auxiliando, sempre que necessário, ao cooperador de jovens e menores.
  • Administração - Segundo seus estatutos é constituída por Presidente, Tesoureiro, Secretário, seus respectivos vices e um Conselho Fiscal, bem como voluntários. Os administradores são eleitos pelos anciãos a cada três anos e o Conselho Fiscal anualmente, e confirmados durante a Assembleia Geral Ordinária. É permitida a recondução ao cargo. Ainda que o estatuto não proíba, não há mulheres ocupando cargos administrativos estatutários.

Música

A Congregação Cristã no Brasil valoriza sua música instrumental sacra, acompanhada por hinos cantados em uníssono (canto congregacional) .
Orquestra
Até 1932 a Congregação Cristã no Brasil não possuía orquestra. Em algumas casas de oração havia o órgão para o auxílio dos hinos, até que o fundador Louis Francescon convocou uma reunião a fim de inserir a orquestra na igreja para auxiliar a irmandade no canto[57]. Ela provê aos fiéis homens escolas musicais gratuitas e ensaios musicais em suas dependências.Possui a maior orquestra sinfônica do mundo.
São permitidos os seguintes instrumentos na composição atual da orquestra:
Hinário

Capa do Hinário 3, vigente de 1951 à 1965
Ver artigo principal: Hinos de Louvores e Súplicas a Deus
Seu hinário “Hinos de louvores e súplicas a Deus” inclui várias produções da hinologia anglo-americana presentes em outros hinários evangélicos nacionais, porém em diferentes traduções.[59].Os cultos da Congregação Cristã no Brasil são acompanhados de hinos de um hinário intitulado de "Hinos de Louvores e Súplicas a Deus"[27]. Possui letras e melodias de autores norte-americanos[60], britânicos, alemães e italianos tais como: Bentley DeForest Ackley, Charles Hutchinson Gabriel, James Milton Black, João Dieners, Leila Naylor Morris, Martinho Lutero, Peter Philip Bilhorn, Samuel Sebastian Wesley, Silas Jones Vail, Ira David Sankey. Há também letras e melodias feitas no Brasil, notavelmente pela compositora Anna Spina Finotti.
São 480 hinos e entre eles há especiais para batismos, santas ceias, funerais, 50 para as "Reuniões de Jovens e Menores" e seis coros[26]. Os hinários com notação musical contém as claves de Sol e Fá,(Cave de Dó somente para instrumentos de Corda) e estão escritos para instrumentos em Dó, Mi bemol e Si bemol, além do hinário de Cordas.
O livro originariamente chamava-se Libro di Inni e Salmi Spirituali, posteriormente Nuovo Libro di Inni e Salmi Spirituali e Novo Livro de Hymnos e Psalmos Espirituais[44]. No dia 17 de março de 2013 começou em todo o Brasil a utilização do Hinário n°5 com trinta novos hinos. O Hinário foi traduzido em 12 idiomas diferentes (incluindo Braille, feito pela Fundação Dorina Nowill). A Congregação Cristã não produz gravações de seus hinos, nem mesmo as autoriza.

Sociologia e hábitos


Interior de uma Congregação na Vila Lucinda em Santo André
Sacralidade do Tempo e do Espaço
A Congregação Cristã no Brasil não possui calendário litúrgico e o conselho de anciães orienta os fiéis a não participarem de festividades nem de comemorações religiosas, mesmo que sejam comemorações popularmente cristãs como o Natal (por alegarem não ter base bíblica) ou a Páscoa (por considerarem uma comemoração judaica, substituída por Jesus pela Santa Ceia). A denominação não apregoa a guarda de um dia específico como sagrado, nem domingo nem o sábado, mas que todos os dias são santificados[61]. Quanto ao espaço, há um sentimento de sacralidade em relação às suas casas de orações.[62]
Questão de Gênero
As mulheres na Congregação Cristã no Brasil não podem ocupar funções de decisoras. A participação feminina no culto restringem-se a pedir hinos, apresentar testemunhos pessoais e orar, e os cargos ocupados por elas são os de limpeza, cozinha, costura, auxiliar de jovens, organista, examinadora de música e atendente (ou auxiliar) das portas [63]. Além disso, mulheres são as responsáveis pelo ensino bíblico nas recentes implementadas escolas bíblicas da Congregação, que ocorrem simultaneamente com o culto oficial e são destinadas à crianças menores de 12 anos, As auxiliares dos diáconos, chamadas de "irmãs da obra da piedade" possuem limitada participação na escolha das famílias necessitadas e nas entregas de mantimentos, devendo auxiliar os diáconos nos serviços de caridade e no atendimento dos necessitados.
Até os anos 1970 era permitido às mulheres ensinar e dirigir as Escolas Dominicais (hoje chamadas de Reunião de Jovens e Menores). Apesar do Estatuto não proibir, não há mulheres em cargos administrativos de presidente, secretária, tesoureira ou conselheira fiscal[64]. No passado e fora do Brasil, houve diaconisas ordenadas e com mesmas funções de diáconos homens: Lucia Menna que esteve no Brasil nos anos 1920 e Rosina Francescon em 1948, a qual também era diretora de Escola Dominical na Congregação Cristã em Chicago.[65] .
Política
A Congregação Cristã no Brasil é uma igreja inteiramente apolítica,[66] que prega a total separação entre Estado e religião e proibe o uso de pregações ou comunicados feitos desde os seus púlpitos para beneficiar facções, partidos ou candidatos políticos. Assim, não mantém ligação nem se manifesta de forma alguma em relação a causas ou partidos políticos, candidatos a cargos públicos, ou qualquer outra instituição ou organização, governamental ou não[52].
Para assumir algum cargo político, qualquer membro de seu corpo ministerial deverá renunciar ao seu cargo ministerial[67]. Seus membros são doutrinados a não votar em candidatos que neguem a existência de Deus e que sejam contrários à moral cristã e à moral natural.[68]
Mídia
A Congregação Cristã no Brasil não utiliza meios de comunicação como rádiotelevisão[69], imprensa escrita, ou qualquer outro tipo de propagação[68] da sua doutrina que não seja o frequentar quaisquer de suas igrejas pelos interessados em conhecê-la e o evangelismo pessoal. A Congregação do Brás transmite seus serviços de cultos para pessoas seletas que, por motivo de enfermidade ou por estarem em locais remotos, são impossibilitados de congregarem. Diferente da Congregação norte-americana, que mantém um site oficial na internet, divulgando endereços de igrejas e horários de cultos.

Presença


Presença da Congregação Cristã no mundo, de acordo com o Relatório 2015/2016.

No Brasil

Segundo o Censo do IBGE de 2010, a Congregação Cristã figura como 3ª maior denominação evangélica no Brasil, com 2,2 milhões de membros[7]. Está presente em todo o território nacional, em todas as regiões brasileiras, incluindo as 27 unidades da federação.
No Brasil a denominação apresenta ainda o maior número de localidades de culto religioso - 19.874 (2017).[6] No Relatório 2017/2018 (um anuário e relação de endereços da Congregação Cristã no Brasil) aparecem a seguinte quantidade de casas de orações:

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