“Mudança na redação não significa mudança de declaração”, exclamam os que apoiam a nova redação dos pontos de fé e doutrina da Congregação Cristã no Brasil – CCB. Já eu considero que a inserção do vocábulo “contendo” permite nova interpretação porque deu novo significado.
Muitos são os indícios que a mudança foi intencional. O hino 162 “É a Bíblia a Palavra” (hinário 4) tornou-se emblemático depois de receber nova versão. Ao ter seus versos substituídos abriu-se um portão de especulações e um fosso de lamentações. Em minha opinião o motivo disso é que a velha versão ficou em desacordo com a nova declaração.
A CCB desde sua fundação jamais incentivou a leitura prática, sistemática e devocional das Escrituras, ao contrário, ensinava por uma conhecida expressão – “A letra mata e o espírito vivifica” – que o estudo bíblico ‘mataria’ a revelação da Palavra nos cultos. Isto afastou consideravelmente seus membros da Bíblia, para muitos não passava de um adereço para ir ao culto e acompanhar a leitura; Permitiu que uma cultura oral se instalasse instantaneamente, tendo por principal característica uma fraseologia peculiar que consistia em versículos tirados do contexto, frases prontas(ditos) ou chavões que expressavam o pensamento e o sentimento denominacional.
Como a CCB valeu-se mais dos ditos que da didática para doutrinar, seus membros que não liam a Bíblia não tinham como refutar alguns ensinamentos saídos dos púlpitos (mas não vindos da Bíblia), nasceu então, uma ideologia ‘ccbiana’, um “outro” evangelho, que foi aceito prontamente sem nenhuma objeção.
Os anciães tiveram grande êxito em propagar a ideia que a CCB era a única Obra de Deus na terra, a “verdadeira graça”; que tudo o que saía do púlpito era revelado por Deus, portanto, inquestionável; que o estudo bíblico não era necessário pois na hora Deus traria o “pão quentinho do céu”.
Na CCB a pregação sempre foi mais valorizada que a Bíblia, eu mesmo já ouvi estes absurdos: “A Bíblia todos (todas as igrejas) têm, mas somente nós (CCB) temos a Palavra de Deus”; “A Bíblia é letra morta nós temos a pura revelação”.Este misticismo é comprovado no hino 401 “Revela Teu Querer” (hinário 5), nele cantamos a vontade de Deus como algo misterioso, diferentemente diz um verso do 162: “Nela (Bíblia) achamos sempre clara a vontade do Senhor”.Vemos aqui que um hino verdadeiramente ortodoxo foi tirado e outro totalmente liberalista* foi colocado.
*Liberatista – a teologia liberal, entre outras coisas, não crê que a Bíblia é a revelação final para o homem.
Ora a Bíblia não está condicionada à pregação, a pregação que está condicionada à Bíblia. Chamam a Bíblia “letra morta”, mas foi a pregação que, muitas vezes, trouxe morte esperitual à muitos. A cultura oral é dia-a-dia vivida mas não assumida, quanto interpelados à respeito, os irmãos retrucam: “Onde está escrito?”
Sem questionamento e gozando de um prestígio que está próximo da veneração, os anciães fizeram e desfizeram, mandaram e desmandaram, mas… também contribuíram grandemente para a formação da identidade denominacional, para a CCB ser o que é hoje – um povo maravilhoso.
Bíblico é fazermos como os bereianos (Atos 17:11): Tudo o que for dito, conferir com o que está escrito. Porém quando você faz isto, às vezes, percebe que o dito não condiz com o escrito e, novamente, a Bíblia nos dá autoridade para contestar e repreender (ler Gálatas 1:8 e 1Co 14:29).
Um efeito prático de não considerarmos que a Bíblia é a Palavra de Deus, é que a autoridade que estava nas nossas mãos passa para a boca do ancião, e então, não posso questioná-lo como somos ensinados: “A Palavra que Deus manda nas congregações não é para ser discutida e sim obedecida, somente assim se honra ao Senhor”. Daí nos enchemos de ensinamentos, tradições, usos e costumes enquanto nos esvaziamos de autêntica doutrina bíblica. (Leia as lamentações de Carlinhos).
Numa igreja onde a Bíblia nunca teve supremacia ou primazia, o que se poderia concluir quando os dois únicos registros que a classificam como Palavra de Deus são modificados?
Na prática a CCB nunca teve a Bíblia como a Palavra de Deus; É coerente e lógico querer equiparar o escrito (ponto de Doutrina) ao dito, fazendo a teoria corresponder à prática. Deve ser por isso que muitos irmãos ficam indignados e se revoltam comigo quando digo que a CCB ao editar o ponto de doutrina fez nova profissão de fé, na verdade não fizeram nova, mas assumiram a que sempre praticaram.
Se equiparar o artigo à prática foi procediemento; equiparar a prática ao artigo teria sido avivamento.
Doravante orarei por um avivamento bíblico porque dentro de mim derramo a minha alma consternado com a edição do texto e dos versos. Antes, ao menos, no artigo e no hino Éra A BÍBLIA A PALAVRA.
Aprecie a nova versão do hino:
178 – A PALAVRA PRECIOSA
1. A Palavra da verdade, de Deus Pai, O Criador,
Traz dos céus a santidade aos remidos do Senhor.
Coro:
A Palavra preciosa do fiel, vivente Deus,
É espada poderosa que defende os santos seus.
2. A palavra criadora trouxe ao mundo grande luz,
Pela obra redentora consumada por Jesus.
3. Para sempre permanece a Palavra divinal;
Nossas almas fortalece e protege-nos do mal.
O comentário referente ao hino 162 do hinário 4, que virou 174 no hinário 5, é excelente.
ResponderExcluirAntes cantávamos É A BÍBLIA A PALAVRA e agora cantamos A PALAVRA PRECIOSA. Com isso a CCB tirou de uma vez por todas a autoridade da Bíblia.
Para servir a Deus precisamos saber exatamente o que Ele quer de nós. Para isso temos que recorrer à Bíblia, pois ela é uma fonte absolutamente confiável. Evidentemente temos que usar traduções confiáveis feitas a partir dos manuscritos dos primeiros séculos.
Paulo disse que para falar em línguas é necessário que haja intérprete, mas os anciães da CCB dizem que se formos esperar que haja algum intérprete nunca ninguém falará em línguas.
Para alguém fingir que tem o dom de línguas é fácil porque não é necessário dizer qual foi a revelação que recebeu, mas fingir que possui o dom de interpretação é impossível. Quem vai se meter a interpretar coisas como Í KALAMANÁIA SHALANAÍA, URI KANTA LAMÁRIA, LA ÍA ÍA ÍA ...
Eu tenho muito conhecimento a respeito de línguas e percebo com muita clareza que no mínimo 99,9% dos irmãos que "falam em línguas" são movidos apenas por "um grande desejo" e não pelo Espírito.
Citei o ensinamento de Paulo, a respeito do uso das línguas nas igrejas, apenas como exemplo, mas existem muitos outros casos em que a Congregação Cristã não segue as Escrituras e sim as "revelações".
A mudança de É A BÍBLIA A PALAVRA para A PALAVRA PRECIOSA deixou a grande maioria dos anciães da CCB aliviados. Agora eles não precisam mais prestar contas do que pregam; basta dizer: ISSO FOI O QUE DEUS ME REVELOU.
Lembram-se do tempo em que as irmãs não podiam aparar os cabelos? Eu vi centenas de vezes irmãos pulando e gritando lá nos púlpitos: IRMÃ, SE VOCÊ PASSAR UMA TESOURA NOS SEUS CABELOS A MÃO DE DEUS VAI PESAR SOBRE VOCÊ. NÃO SOU EU QUE ESTÁ FALANDO; É DEUS!
ELES DIZIAM QUE ESTAVAM PREGANDO PELO ESPÍRITO, MAS ERA TUDO MENTIRA. SE ELES MENTIAM NAQUELE TEMPO, VOCÊS ACHAM QUE ELES NÃO MENTEM HOJE?