BLOG DESTINADO COMBATER AS MENTIRAS DA EMPRESA RELIGIOSA DO MAÇOM LUIGI FRANCESCONI
segunda-feira, 27 de maio de 2019
CCB Quem precisa de igreja?
Grupos
independentes de cristãos se multiplicam pelo país, mas sofrem duras
críticas. É possível servir a Cristo e cultuá-lo longe das quatro
paredes dos templos evangélicos? Para uma classe diferentes de cristãos
que vem crescendo a cada dia, a resposta é “sim”. Segundo o Censo 2000
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 1,1
milhão de brasileiros se declararam evangélicos sem vínculo
institucional. Boa parte desse contingente se declara desiludida com as
instituições religiosas, pastores e líderes, e resolveu formar um grupo
de cristãos que realizam reuniões nos lares, sem vínculos com igrejas. A
filosofia desses grupos se baseia na formação do cristianismo e da
igreja primitiva como relatado em Atos 2:44-46. Na maioria dos cultos
celebrados nas casas, existe tudo o que há em uma igreja tradicional,
como a Ceia, o ofertório com dízimos e ofertas, cânticos espirituais
etc. Variando um pouco de lugar para lugar, eles procuram dar ênfase aos
relacionamentos interpessoais, na comunhão entre os irmãos, no
discipulado. Para o pastor Edgard Bravo Nogueira, que lidera vários
grupos com essa filosofia no Estado do Rio de Janeiro, em Jundiaí (SP),
Belo Horizonte (MG), São Luís (MA) e na Hungria, a ordem de Jesus foi
fazer discípulos em todas as nações, e o ambiente doméstico é apropriado
para isso. “Não dá para fazer discípulo no meio das multidões”, afirma o
pastor, que há 25 anos trabalha na fundação e restauração de “igrejas”
(grupos que se reúnem em casas). “Temos normalmente uma reunião geral
uma vez por mês em uma escola, um galpão, um salão de festas ou mesmo na
praça pública. Nessa questão, somos bastante flexíveis porque a ênfase
não é a casa, mais a igreja, que somos nós”, explica. Segundo Nogueira, é
um erro de interpretação acreditar que todos os cristãos da igreja
primitiva iam aos templos (Atos 2:46), dada a limitação do espaço
físico. “Era impossível caber 3 mil pessoas. Eles se reuniam em praça
pública, em frente ao templo”, argumenta. O pastor cita os versículos 42
a 47 do segundo capítulo de Atos para descrever o ideal que seu grupo
almeja conquistar. “A igreja primitiva vivia dessa forma e procuramos
viver o máximo possível assim, ainda que admita que estejamos muito
longe do alvo. Mas observe que tudo começava com estudo, comunhão,
partir do pão e orações. Procuramos dar ênfase a esse início de vivência
registrado em Atos.” Um dos frutos desse trabalho é o empresário , que há cinco anos freqüenta as reuniões com
sua esposa e a família dela. se converteu aos dezesseis anos,
na Primeira Igreja Batista em Pavuna, zona norte do Rio de Janeiro, mas
aos poucos foi percebendo que aquele não era o modelo de igreja do qual
queria fazer parte. “Nesse grupo, vivo realmente o que devemos ser:
igreja. Quando vi na Palavra o que realmente é a igreja, decidi sair.
Não foi por convencimento de ninguém, e sim pelo do Espírito Santo”,
afirma EX MEMBRO . Ele alerta o cristão a olhar mais para o próximo do
que para prédios confortáveis para cultuar a Deus. “Creio que, quando a
igreja do senhor entender o que realmente é ser igreja de Jesus e deixar
de se preocupar com belos templos, e sim com o templo principal, que
somos nós, em muito o Evangelho no Brasil e no mundo irá fazer a
diferença.” Inconformados Esse inconformismo também motivou o
administrador de empresas . Há cinco anos, ele saiu da
igreja que freqüentava, em Goiânia (GO), para viver outro tipo de
cristianismo. “Em cada palavra do sermão, via muito egocentrismo e Jesus
relegado a segundo, terceiro plano ou lugar nenhum. Moças dançando,
instrumentistas dando os seus shows, muito teatro e representações
humanas bonitas e suntuosas, porém tudo aquilo me fazia mal”, conta o
administrador, que resolveu conversar com o pastor sobre o assunto.
“Comuniquei que estava saindo por causa de uma revelação ou releitura
bíblica. Demos as mãos e nos despedimos em paz. Minha família não
entendia, mas, mesmo assim, saí.” rebate os críticos que usam o
texto de Hebreus 10:25 (“Não deixando a nossa congregação, como é
costume de alguns”) para condenar essa prática. “Esse é um versículo
que, como uma arma, é disparado instantaneamente contra aqueles que não
têm seus nomes em alguma organização institucionalizada”, argumenta.
“Mas será que essa bala detona o conceito de que não há modelos
organizacionais hierárquicos no Novo Testamento que se assemelhe aos
atuais? Na época em que o livro de Hebreus foi escrito, por volta de 64
d.C., as congregações ou reuniões eram feitas nas igrejas domésticas ou
casas particulares.” Assim como , o consultor ainda não se adaptou a um grupo específico de cristãos
sem igreja. Ele e sua família vão à residência de irmãos que realizam
cultos em casa, mas não há ainda uma organização bem definida.
“Caminhamos com vários irmãos de outros ministérios que têm igreja em
casa, mas não existe nenhum compromisso entre nós a não ser do respeito e
amor fraternal. Temos reuniões aos domingos, quando normalmente
compartilhamos alguns trechos da Bíblia com ênfase na graça de Jesus,
cantamos e oramos. Tudo muito simples e informal. Não tiramos dízimos ou
ofertas, a não ser quando sabemos que alguém está com dificuldade. Aí
nos reunimos e cada um contribui com o que pode para ajudar o
necessitado”, explica R, que mora em Santa Bárbara d’Oeste,
interior de São Paulo. Em 2003, ele deixou uma igreja neopentecostal,
onde era líder da juventude, por discordar da linha teológica. “Eu era
fortemente contrário à visão daquela igreja, baseada no G12. Alguns que
andavam comigo saíram também, e a partir daí começamos a nos reunir em
casas. Tudo isso nos fortaleceu a consciência de buscarmos um caminho
que fosse diferente do que eu, minha família e aqueles irmãos tínhamos
trilhado por anos a fio”, revela. De norte a sul do país, grupos de
cristãos sem igreja se formam com pessoas inconformadas e revoltadas com
os rumos que as denominações evangélicas estão tomando. Frieza e
mercantilismo são algumas das reclamações desses novos “cristãos
primitivos”. Até mesmo uma TV na internet foi criada para ser veículo da
voz dos inconformados. A i-TV (TV dos Inconformados) prega o
cristianismo aos “sem igreja”. A idéia partiu do professor de História
do Cristianismo Leandro Villela de Azevedo, que pertencia a uma Igreja
do Evangelho Quandrangular que fechou. “Após uma noite em claro em
oração, angustiado pela situação da igreja, recebi a idéia da i-TV
praticamente pronta em minha mente, e acredito que isso veio de Deus”,
relata o professor, que está fazendo doutorado na USP sobre a
pré-Reforma. Ele acredita que esse movimento é uma tendência mundial.
“Somos um grupo de cristãos que, por algum motivo, se decepcionaram com
as instituições religiosas. Alguns foram expulsos, outros saíram porque
quiseram, mas ainda são cristãos verdadeiros”, declara o professor que,
com a esposa e a família dela, faz parte de um grupo que se reúne na
capital paulista. Reconciliação Diante de todo esse movimento para fora
dos templos, há quem queira evangelizar os grupos de cristãos sem igreja
e trazê-los de volta às quatro paredes dos templos evangélicos. O
pastor H coordena o ministério Aliança com Deus,
que se especializou em convencer cristãos sem igreja a se reconciliar
com a instituição. “O trabalho surgiu porque percebemos que muitas
denominações se preocupam somente em conquistar novos crentes e,
infelizmente, têm falhado em manter os que já congregam”, explica o
pastor. Barbosa também passou um período sem congregação. “Fui pastor de
uma grande denominação, mas quando descobri toda a podridão que estava
por trás daquilo, quase abandonei o Evangelho. Durante muito tempo,
busquei a Deus só em minha casa e criticava qualquer denominação, até o
dia em que percebi que, ao invés de somente criticar, devemos lutar para
mudar sem nos acomodar.” O ministério usa como estratégia a própria
filosofia do grupo dos sem igreja. “Pregamos um evangelho que não
depende do dinheiro da pessoa ou de quão santa ela deve ser para
alcançar as bênçãos gratuitas de Deus. Esse evangelho é o que atrai os
cristãos sem igreja, pois é o evangelho que eles sempre procuraram e não
acharam nos lugares onde congregavam — o evangelho do amor, do perdão,
da compaixão e da simplicidade.” Pastores denominacionais, no entanto,
discordam frontalmente dessa teoria. Para ,
presidente da Primeira Igreja Batista do Recife (PE), a igreja é uma
invenção de Jesus Cristo e, portanto, não existe cristão sem ela. “Isso é
uma tremenda heresia! A igreja é o Corpo de Cristo atuante no mundo
(ICo 12:12-30), e nós somos membros desse corpo. O membro não pode ficar
fora do corpo, ele morre. A igreja é a família de Deus para receber,
restaurar, celebrar, edificar, exercer os dons”, declara o pastor.
Oliveira é firme quanto ao papel da igreja na salvação do mundo. “Foi
isso o que aconteceu no Céu, com Lúcifer, e com Adão e Eva no Edén.
Quiseram ser independentes. A igreja é o único e o último projeto de
Deus para abençoar as nações sendo sal e luz. A única esperança do mundo
está na igreja de Jesus Cristo. E ele virá buscá-la”, diz. O bispo
Antônio Costa, presidente da Igreja de Nova Vida de Brasília (DF),
concorda com o pastor . Segundo ele, não há vida fora do corpo. “Nós
fazemos parte de um corpo, e um membro separado do corpo não tem vida,
perece. Essa teoria defendida por eles contraria tudo aquilo que Jesus
instituiu. Foi Jesus quem criou e organizou a igreja”, salienta.
Nomadismo Apesar de compartilhar da mesma opinião que seus colegas, o
pastor , da Primeira Igreja
Congregacional Vale da Bênção, em Santa Cruz do Capibaribe (PE), faz
algumas ressalvas. “De fato, todo cristão fiel pode adorar a Deus aonde
quiser. O véu já se rasgou, o caminho já foi aberto pelo sangue de
Jesus”, destaca o pastor, que faz menção à vida de Paulo como um cristão
que tinha tudo para não estar ligado a igreja alguma e, no entanto,
defendia a instituição. “Paulo foi um cristão que não precisou da igreja
para se converter. Se existiu alguém que poderia defender a tese de que
não precisamos de uma igreja local, seria o apóstolo. Porém, o próprio
Paulo abriu, trabalhou e abençoou várias igrejas, sempre debaixo da
consciência e da autoridade do colégio apostólico.” Para Costa Júnior,
muitos abandonam os templos evangélicos por causa de problemas que
tiveram dentro da igreja. “Se problemas fossem motivos para se abandonar
os templos e viver um cristianismo hippie, então Paulo teria dito isso
aos irmãos de Corinto. Apesar de tantos problemas na igreja local, o
apóstolo Paulo nunca aconselhou ninguém a deixar a igreja para ser um
cristão nômade pelas ruas de Jerusalém”, compara.
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