O Credo de Atanásio* fonte; http://www.unitarismobiblico.com/1/?p=753
ORIGEM
O Credo de Atanásio, subscrito pelos três principais ramos da Igreja Cristã, é geralmente atribuído a Atanásio, Bispo de Alexandria (século IV), mas estudiosos do assunto conferem a ele data posterior (século V). Sua forma final teria sido alcançada apenas no século VIII. O texto grego mais antigo deste credo provém de um sermão de Cesário, no início do século VI.
O credo de Atanasio, com quarenta artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado “um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas de um único Cristo.”
TEXTO
1. Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.
2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.
6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade. 7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.
13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.
18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.
22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. 24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.
25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.
26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo.
33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.
34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.
NOTAS
* Extraído de Paulo Anglada, Sola Scriptura : A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Os Puritanos, 1998), 180-82.
A. A. Hodge, The Confession of Faith ( Edinburgh & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1992)
O termo universal traduz a palavra católica , a qual também poderia ser traduzida por geral .
[3] Traduzido a partir do inglês de A. A. Hodge, Outlines of Theology ( Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 117-118.
2 A TRINDADE
A Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das igrejas cristãs que professa a Deus único preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Para os seus defensores, é um dos dogmas centrais da fé cristã, e considerado um mistério. Tais denominações consideram-se monoteístas. O Judaísmo e o Islamismo, bem como algumas denominações cristãs, não aceitam a doutrina trinitária.
Fundamentos Bíblicos
A doutrina trinitária professa que o conceito da existência de um só
Deus, onipotente, onisciente e onipresente, revelado em três pessoas distintas, pode-se depreender de muitos trechos da Bíblia. Um dos exemplos mais referidos é o relato sobre o batismo de Jesus, em que as chamadas "três pessoas da Trindade" se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus, sob a forma de uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo:
- «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo»
- E na fórmula tardia de Mateus: «Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo».
- No relato em que a Trindade se revelaria por três anjos que apareceram a Abraão próximo ao Carvalho de Mambré (Gn 18,ss)
- Na criação do homem, se apresenta um criador plural": «Façamos o homem a nossa imagem e semelhança»"(Gn 1,26)
- No episódio da torre de Babel o Senhor Deus fala no plural: "«Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.»” (Gn 11,7)
Ainda segundo os defensores da doutrina trinitariana, ao longo da Bíblia há várias passagens que revelam a natureza divina da Trindade, e até a personalidade de cada uma das três pessoas divinas:
- No que concerne à divindade de Deus-Filho, referem-se, por exemplo, a sua onisciência, a sua onipotência, a sua onipresença, ao fato de perdoar os pecados e ser doador da vida em íntima unidade, porém diferenciando as pessoas: «Eu e o Pai somos um». Contudo, mais do que estas simples passagens isoladas, a afirmação da plena divindade de Jesus é o resultado da reflexão, na Fé, sobre a sua missão redentora contida nas Escrituras - pois a sua personalidade divina e humana nunca foi seriamente posta em descrédito pela igreja cristã seja ela católica ou protestante.
- No que concerne à divindade do Espírito Santo, os trinitarianos reportam-se, por exemplo, à passagem bíblica que o chama de Deus em Atos, a sua onisciência, a sua onipotência, a sua onipresença e sobretudo ao fato de ser Espírito "de" verdade e "de" vida, prerrogativas que, tais como as apresentadas para Deus-Filho, segundo a Bíblia são única e exclusivamente divinas;
- No que concerne à personalidade do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, assunto que foi muito debatido ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, é comum referirem-se aos atributos deste que, tal como os que no Antigo Testamento são aduzidos para a personalidade do Deus do Antigo Testamento, YHVH - cuja divindade e personalidade nunca foram alvo de críticas substanciadas entre os cristãos -, testemunham o seu caracter pessoal: Ele glorificará Cristo; ensina a comunidade e os fieis, distribui os dons segundo o seu desígnio, fala nas Escrituras do Antigo Testamento, fala para as sete Igrejas na carta do Apocalipse é enviado pelo Pai em nome de Jesus e pelo Filho que enviou da parte do Pai aparecendo como distinto de ambos pois não é Cristo sob outra forma de existência, mas seu representante e testemunha. Mais importante do que as passagens isoladas é o conjunto que o revela como Aquele que tem a missão de recordar, universalizar e realizar em cada pessoa a obra de Jesus, o que não ocorre mecanicamente, mas somente onde houver a liberdade do Espírito, dado que «onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade». Para os cristão trinitários, esta liberdade do Espírito exclui que este possa ser um princípio impessoal, um meio ou instrumento, mas antes pressupõe a sua independência relativa.
- Fonte; WIKIPEDIA
REFUTANDO A TESE DA TRINDADE
O ETERNO É UM, ECHAD : http://www.unitarismobiblico.com/1/?p=195
Em dias relativamente recentes surgiu a ideia, entre algumas cristãos conhecedores do hebraico, que quando Deus disse que era “UM” em Dt. 6.4, Ele não quis dizer exatamente “UM”, e que o termo original tem significado de “unidade composta”.
O argumento se baseia no estudo das palavras אֶחָֽד = Echad e יָחִיד = Yachid, que pensam significar, respectivamente, “unidade composta” e “unidade absoluta”. Para eles em Dt. 6.4 onde aparece a palavra Echad (UM), para significar unidade absoluta deveria constar Yachid. Mas, embora Deus possa se manifestar da forma que Ele quiser, não podemos concluir que Ele o faça de forma plural por dedução dos conceitos de אֶחָֽד ou יָחִיד. A própria Bíblia não abona o entendimento que יָחִיד(Yachid) deva ser entendido como “unidade absoluta”. Observe-se que Isaque é classificado como único filho de Abraão em Gn. 22.2. “E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque…” Mesmo sendo usado Yachid, no original hebraico, ele não era, absolutamente, o único.
Abraão tinha outros filhos: Ismael, por exemplo, Gn. 16.15. Mais velho que Isaque 20 anos, além de filhos de sua velhice com suas concubinas Gn. 25.6.
O fato de Isaque ser chamado de ÚNICO se explica porque unidade absoluta não é o conceito da palavra יָחִיד (Yachid), podendo significar além de único, sozinho; abandonado, etc. Usam, também, na tentativa de confirmar o que pretendem, Pv. 4.3, mas este, de igual modo, não confirma o conceito pretendido, pois se reconhecermos Salomão como o escritor do capítulo 4, ele poderia ser o único de sua mãe, mas não era o único de seu pai, por aí, também, não teríamos a unidade absoluta requerida pelos argumentadores. Ademais o verso diz “único em estima”, o que abre margem ao entendimento de que se a mãe dele tivesse ou viesse a ter outros filhos, somente ele seria o de estima de sua genitora. Tem-se em Jr. 6.26, outro versículo que costumam citar, mas nesse caso é o valor único do filho e não o fato de ser um filho. A intenção não recai na quantidade, mas no valor de ser único. Por isso os LXX utilizaram ἀγαπητός (agapeto) “bem-amado” para verter יָחִיד (Yachid).
יָחִיד contextualmente é apresentada como uma palavra que ressalta o indivíduo, não uma individualidade, ou quantitatividade.
Por outro lado אֶחָֽד (echad) tem haver com quantidade propriamente dita, sendo ela mesma a palavra hebraica para o número cardinal “1” (UM), assim não me parece própria a ideia de que devêssemos esperar em Dt. 6.4 a palavra יָחִיד (yachid) tanto que a Septuaginta em Dt. 6.4, traz a palavra εἷς “um” (UM masculino) no lugar de seu equivalenteאֶחָֽד.
Outro versículo requerido, desta feita, para reivindicar unidade composta, para o termo Echad, é Gn. 2.24 “Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.” Mas, observemos que o texto está mais para linguagem figurada, posto que somente figurativamente podemos entender “uma só carne” referindo-se a dois corpos físicos, ou esteticamente, no ato da relação sexual. “Tornar-se” unidade composta tomando como base seres físicos só se admite se fizermos uma análise muito superficial dessa ideia. Imaginemos agora mais detalhadamente: Um homem e uma mulher, duas unidades fisicamente distintas e literais, casam-se e tornam-se uma só carne. Se o sentido não for figurativo, então, forçosamente teremos que entender que para tornar-se unidade composta, seriam quebradas as leis da física, pois dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo; criando um novo ser, um hermafrodita: homem e mulher em “uma só carne”, e se o sentido é, de fato, figurado, então, essa passagem de Gênesis não serve como ponto de apoio correlacional à Dt.6.4 como requerido pelos defensores do argumento trinitário. A insistência vem também através da leitura de I Co. 6.16,17, mas, nesse caso, o verso 16 fala do pecado da prostituição quando um homem “torna-se um” com a meretriz; e no seguinte se informa que ao ajuntar-se com o Senhor o homem se torna um mesmo espírito, assim, ou o sentido é diverso daquele requerido pelos defensores da pluralidade composta de Echad nesses versos (Gênesis e I Coríntios), ou então Deus não é apenas uma trindade, mas uma poliunidade; muitos milhares de pessoas seriam um Espírito com o Senhor: “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (ARA). Nesse pormenor de I Coríntios, não estou opinando, mas, apenas questionando.
Destaque-se Cantares 6.9: “Porém uma é a minha pomba, a minha imaculada, a única de sua mãe, e a mais querida daquela que a deu à luz …” Tanto a palavra “uma”, quanto a palavra “única” é tradução de אַחַת, uma forma feminina da palavra אֶחָֽד e como se poder perceber, não podemos requerer “unidade composta” nessa filha única, e, não se pode negar que apenas e somente uma é a amada que Salomão ali.
Outro versículo que mostra bem o engano do argumento que afirma ser אֶחָֽד(Echad) a palavra exata para designar uma “unidade composta” é Dt. 17.6 “Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha não morrerá”. Pela boca de uma só testemunha ninguém deveria ser condenado. “Uma só” ali é אֶחָד1 e, sem dúvidas, essa única testemunha não é uma composição de testemunhas; nem vários entes em uma só testemunha ou coisas do gênero. Pelo contrário, a ideia do contraste numérico é inconfundível; é absolutamente UM. Tanto aqui quanto em Dt. 6.4 onde a contraposição é com a quantidade de deuses que fazia parte do politeísmo pagão das nações que cercavam Israel por todos os lados. Certamente não era pretensão da Inspiração Sagrada, e seria mesmo um contrassenso, informar que a pluralidade divina das nações pagãs era além de errada, pecado; e em seguida ensinar que aquele que inspirou isso é também um composto plural, mudando apenas a fórmula conceitual dessa “composição”.
Assim, para fins de argumentação de “unidade composta” ou pluralidade em Deus, a base de Echad e Yachid é nula. Devemos atentar para o que o texto quer dizer em seu contexto, e no caso de Dt. 6.4, se considerarmos a nação rodeada por nações politeístas, Deus não daria a Israel, uma informação que causasse mais confusão que esclarecimento. Deus não diria para ele não crerem na quantidade dos deuses das nações para se revelar ele mesmo como sendo mais de um. Não há lógica nisso. É nítido a ideia do contraste entre a quantidade de entes “divinos” das nações pagãs e o um e único Deus de Israel. Então, não há razão plausível para se crer que a afirmação de que Yahweh seja “UM” quantitativamente literal, não tenha sido a intenção do inspirador da frase.
1Outro exemplo muito claro da unidade absoluta usando אֶחָד (echad) é Ec. 4.8 “Há um que é só, e não tem ninguém, nem tampouco filho nem irmão;”
COM BASE NESTES DOIS PONTOS DE VISTA, O LEITOR PODERA CHEGAR AS PRÓPRIAS CONCLUSÕES
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