A Congregação Cristã, após um período em que ficou limitada à comunidade italiana, sentiu a necessidade de assegurar sua sobrevivência por meio do trabalho entre os brasileiros. É interessante o fato de que, quando chegaram os primeiros pentecostais, todas as denominações históricas já haviam se implantado no país: anglicanos, luteranos, congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas e episcopais. Todavia, o seu crescimento havia sido modesto. Em 1931, fazendo um levantamento sobre o protestantismo nacional, Erasmo Braga ironicamente dedicou apenas umas poucas linhas à Assembléia de Deus e nem se referiu à Congregação Cristã no Brasil.25 A segunda onda pentecostal ocorreu na década de 50 e início dos anos 60, quando houve uma fragmentação do campo pentecostal e surgiram, entre muitos outros, três grandes grupos ainda ligados ao pentecostalismo clássico: Igreja do Evangelho Quadrangular (1951), Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para Cristo (1955) e Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962), todas voltadas de modo especial para a cura divina. Essa segunda onda coincidiu com o aumento do processo de urbanização do país e o crescimento acelerado das grandes cidades. Freston argumenta que o estopim dessa nova fase foi a chegada da Igreja Quadrangular com os seus métodos arrojados, forjados no berço dos modernos meios de comunicação de massa, a Califórnia.26 Esse período revela uma tendência digna de nota – a crescente nacionalização do pentecostalismo brasileiro. Enquanto que a Igreja Quadrangular ainda veio dos Estados Unidos, as outras duas surgidas na mesma época tiveram raízes integralmente brasileiras
Em 1930, a Congregação Cristã tinha sete membros para cada três da Assembléia de Deus; todavia, em fins dos anos 40 foi ultrapassada pela sua rival. No ano 2000, de acordo com o censo oficial, ela estava com pouco menos de um terço dos membros da Assembléia de Deus, ou seja, cerca de 2,8 milhões de adeptos. A Congregação Cristã tem a maior parte dos seus templos em São Paulo e em cidades do interior de outros estados. Entre as suas peculiaridades está a rejeição dos modernos métodos de divulgação, restringindo a pregação da sua mensagem aos locais de culto. Possui fortes elementos sectários, não se considerando uma igreja protestante e não mantendo ligações com outros grupos. Seu ethos caracteriza-se por um rígido dualismo igreja-mundo e espírito-matéria, e, no entanto, não pratica o legalismo de outros pentecostais. Destaca-se pelo “iluminismo” religioso, apelando para revelações diretas de Deus no que diz respeito às mensagens nos cultos e a decisões tomadas pela liderança. Suas reuniões, bastante ordeiras em comparação com as de outros grupos pentecostais, dão forte ênfase aos “testemunhos”. A igreja pratica uma forte cultura de ajuda mútua, denominada “obra de piedade”. No plano administrativo, rejeita o excesso de organização, tem uma burocracia mínima, e não conta com pastores, e sim com anciãos não-remunerados. A liderança é baseada na antiguidade mais do que no carisma ou competência. Seus líderes são praticamente anônimos e essa ausência de personalismo resulta numa tendência mínima para cismas e ambições políticas. A homogeneidade interna do grupo é fortalecida pelo constante contato entre os crentes de diferentes cidades e por uma convenção anual realizada no Brás, na Semana Santa. Com as suas características inusitadas, a Congregação Cristã no Brasil exemplifica o dinamismo e a diversidade do movimento pentecostal.2
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