Testemunhar na CCB
Testemunhar na CCB é aproveitar um espaço nos culto, para contar obras, milagre e maravilhas que Deus operou. É um tempo de 20 minutos, vigiado de perto pelo ministro, para que não ultrapasse e nenhuma regra seja infringida.
Esta prática não foi criada por Francescon na CCB, mas já era costume do grupo de Giuseppe Beretta, quando se reuniam nas casas, em Chicago, e chamava-se testimonianza, palavra italiana que significa testemunho, prova. Tratava-se de provar que Deus estava operando no meio do grupo.
Na CC, o membro é orientado a se deixar guiar pelo Espírito Santo para poder levantar-se e ir à frente testemunhar, pois não se deseja que o ego apareça, mas apareça o operar de Deus.
MANEIRA DE TESTEMUNHAR
Em todas as igrejas da Congregação Cristã, os membros podem testemunhar, ficando em pé, ao microfone ao lado do púlpito, obedecendo a mesma separação por sexo. O membro levanta-se e dirige-se ao microfone ao lado do púlpito e a primeira coisa que diz é: Deus seja louvado. A igreja responde com um sonoro amém e ouve atenta o testemunho.
O testemunho segue geralmente uma fórmula com introdução, desenvolvimento e finalização. Enquanto o desenvolvimento é variável, as palavras de introdução e finalização são geralmente frases há muito tempo repetidas pela membresia em todas as congregações. Isso acontece porque é melhor repetir o que funciona e é aceito pelo grupo, do que inovar e arriscar-se a ser repreendido por quem preside. Pessoas mais jovens são mais espontâneas, evitando estas fórmulas e sempre há algumas pessoas originais, com uma maneira de testemunhar peculiar, bem diferente.
Alguns estilos de testemunhar são identificáveis até no ministério: engraçado, sisudo, profeta, pregador, conselheiro, chorão, turbinado, repetitivo, cansativo, solícito, imitador, ligeiro, astro, dramático, teatral, detalhista, etc, etc.. Eu presenciei uma pessoa testemunhar, contanto um milagre, como se falasse de uma terceira pessoa, e no final revela que o protagonista daquele milagre é o próprio que está contando. Este estilo procura causar impacto nos ouvintes, com certeza. Aqui na minha região, antigamente, muitos imitavam um ancião, com a linguagem do falso caipirismo, falando errado algumas palavras. Era simplesmente ridículo.
As fórmulas antigas, numa cultura oral, como é a da Congregação Cristã, servem para reforçar na mente dos membros a doutrina da igreja e perpetuá-la entre os mais novos.
O exemplo mais marcante é a frase:
Agradeço a Deus por ter me chamado a esta graça ou chamado a este caminho...
A maioria, ao dizer esta frase, associa caminho com a denominação, infelizmente. Sabemos porém, que o caminho é Jesus Cristo, e nunca uma placa de igreja, mas esta frase reforça nos ouvintes a idéia de que a Graça é a a sua denominação.
Outro exemplo é: Se eu for firme e fiel, herdarei a coroa da vida eterna...
Esta frase diz da necessidade que o crente tem de se esforçar para ser salvo, ou seja, de ter obras para se salvar. Na verdade, na Bíblia não está escrito “coroa da vida eterna”, e eu só fui descobrir isso após muitos anos de batizado, lendo alguns textos na net. Quem é fiel?
A finalização do testemunho, geralmente é feita, com um pedido de oração, para si, para a família, por alguma causa, para Deus chamar algum familiar que está “no mundo” ou nas seitas, etc. Bastante comum é levar saudações de uma igreja para outra. O membro diz: desejo levar saudações de todos vós, para a irmandade de tal lugar, ou, trago e levarei saudações...etc.
Um “Deus seja louvado” no final encerra o testemunho. A igreja responde com outro amém e o membro vai sentar-se. Notamos que atualmente muitos membros recem batizados já estão levantando-se para testemunhar, fato que, antigamente demorava muito mais tempo para um crente criar coragem para testemunhar.
REGRAS PARA TESTEMUNHAR
O momento do testemunho é dos poucos onde o membro pode manifestar-se nos cultos, mas é sujeito a diversas regras.
Um tópico de 1996 retrata a maioria das regras para testemunhos:
11 - TESTEMUNHOS - PRECAUÇÕES.
Testemunhar nos cultos é render graças a Deus, exaltá-lo e relatar as maravilhas que d’Ele temos recebido. Não devemos relatar sonhos, nem visões ou revelações. Também nos testemunhos não devemos atacar quem quer que seja, nem pronunciar o nome de denominações ou credos religiosos, nem contar proezas do inimigo de nossas almas. A irmandade não deve testemunhar agradecendo pela dispensa do serviço militar. O serviço militar é um dever do cidadão.
Tópico de 1997 alerta:
Não se deve permitir, também, testemunhos fantásticos que pretendam iludir e enganar a irmandade. Normalmente quem inventa histórias para contar a igreja, tenta vender uma imagem que não corresponde a realidade, visando obter um prestígio que não merece, podendo ser convidado a pregar a palavra na igreja, receber hospedagem e até outro tipo de ajuda.
Tópico de 2000:
10 - TESTEMUNHOS
Observa-se com alguma freqüência, irmãos com costume de agradecer à irmandade ou nominar algum irmão do ministério pelas orações, unção, visitas ou outro beneficio. A irmandade deve ser orientada que a liberdade é para expressar agradecimento exclusivamente a Deus, pelas operações dele recebidas.
Tópicos de 2001:
5 - TESTEMUNHOS: NÃO DEVEMOS NOS REFERIR A PESSOAS QUE NÃO SÃO CRENTES COMO “SEITÁRIOS” E NEM COMO “FUTURO IRMÃO”
Nos testemunhos a irmandade não deve se referir a pessoas que não são crentes como “seitário” e nem como “futuro irmão” (pois não sabemos se Deus irá chamá-lo para esta graça). Deve-se falar “pessoa de outra crença religiosa”.
6 - EXPRESSÕES QUE SE TORNARAM HÁBITO NOS TESTEMUNHOS E PASSARAM A SER IMITADAS
Constantemente se ouve em quase todos os testemunhos a irmandade dizer: "Estou aqui para dizer que Deus é bom na minha vida". Tornou-se um costume, uma imitação.
Deliberou-se alertar a Irmandade para que deixe essa expressão provocada pelo hábito. Devemos dar lugar a que o Espírito Santo se manifeste em nossa boca, sem que falemos por imitação.
Outra expressão que nunca mais deve ser usada é dizer, a respeito dos irmãos do ministério, revestidos dos dons de Deus, que eles são "turbinados". Isso é profanar as cousas santas de Deus.
Tópico de 2004:
2 - EXPRESSÕES INADEQUADAS NOS TESTEMUNHOS
Muitos irmãos, ao testemunhar dizem: “Deus me deu a felicidade de nascer de pais crentes”; “eu nasci na graça”; outros dizem: “eu não tive a felicidade de nascer de pais crentes”. Não é necessário dizer que quando nasceu seus pais já eram crentes; isto dá a impressão de um desnível entre a irmandade; essa distinção levanta um e humilha o outro. Tudo o que possa manifestar diferença, desnível, entre a irmandade, deve ser eliminado. No evangelho de São João vem dito que Jesus “veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.” O Senhor Jesus derrubou a parede da separação; são todos nascidos de Deus, sejam judeus, sejam gentios; sejam de pais crentes ou não; a Graça de Deus iguala a todos.
Eu acrescentaria a expressão: eu e minha casa servimos ao Senhor. Quem diz isso nos testemunhos, mostra gratidão a Deus pela felicidade de ter uma família toda crente, com o detalhe que tem que ser todos batizados na CCB, pois em geral, não se considera os que estão batizados em outras denominações. Esta expressão também expressa desnível, pois muitos que estão na igreja, tem a família despedaçada e sabem que jamais poderão testemunhar e dizer o mesmo.
Também um Tópico de 1992 já proibia contar testemunhos, visando angariar recursos para ajudar regiões carentes.
6 - TESTEMUNHOS COM O OBJETIVO DE ANGARIAR DINHEIRO
Irmãos com ministério e outros sem ministério, não devem viajar para outras localidades com a intenção de congregar para contar testemunhos e relatar situações calamitosas da região, apenas para comover a irmandade e obter roupas e dinheiro. A irmandade tem o coração preparado, e ouvindo tais testemunhos, cooperam, mas depois não possuem o necessário para cooperar nas coletas da localidade.
Na mesma linha, este de 1995 expressa outra preocupação:
ESPERTALHÕES.
Em várias localidades surgem espertalhões que procuram explorar a irmandade. O povo deve ser ensinado a não dar dinheiro a qualquer um que aparece chorando ou contando uma história triste, ou testemunhos fantásticos, mesmo alegando que vem em nome de algum servo de Deus. A recomendação é: não se dá crédito a quem pede. O povo de Deus nada pede, mas apresenta ao Senhor suas necessidades e Ele supre.
Campanhas de arrecadação de recursos devem ser promovidas pelo ministério em conjunto, para melhor gestão dos recursos arrecadados. Ministros isolados não podem também viajar pedindo contribuições dos membros.
Os membros do ministério sempre gozaram do direito de testemunhar na tribuna, seja na sua própria congregação ou visitando outras igrejas, mas em 2005 foi tomada a decisão de não mais se proceder assim.
11 - IRMÃOS DO MINISTÉRIO - NÃO SUBIR AO PÚLPITO PARA TESTEMUNHAR
Os anciães mais antigos de todo o Brasil estão na comunhão de que os anciães, diáconos, cooperadores e cooperadores de jovens e menores nao devem subir ao púlpito para testemunhar. Entendemos que não deve ser feita essa distinção que não repercute bem perante a irmandade.
Na minha opinião, um ministro testemunhar ou contar alguma coisa na tribuna é natural, pois trata-se de um líder e pela própria natureza do cargo já se distingue dos demais. Ministro nunca será igual um membro comum, ainda que testemunhe no microfone lateral ou na tribuna.
Uma grande mudança nos testemunhos, a meu ver, foi causada por este tópico de 2003:
2 - ASSUNTOS QUE NÃO DEVEM SER RELATADOS NOS TESTEMUNHOS
Aqueles que se convertem não devem relatar nos testemunhos que foram drogados ou estiveram envolvidos em crimes e que Deus os libertou quando os chamou para esta graça. Outrossim, a irmandade deve ser exortada a não relatar pormenores que não são de proveito para a igreja, notadamente sobre internações, cirurgias, gestações, gravidez, parto, etc. Deve-se agradecer, com poucas palavras, a obra que Deus operou, sem entrar em pormenores.
Antigamente, era comum pessoas testemunharem, contando quem eram e o que fizeram no mundo, antes de ser batizado. Hoje, os novos membros são orientadoas a não contarem em detalhes, o que fizeram antes de conhecer a Cristo. Muitas igrejas incentivam e valorizam esta prática da pessoa contar sobre seu passado, mas a Congregação vai no sentido contrário, valorizando o que a pessoa é após o batismo, coerente com sua história, onde o passado não é importante, principalmente aquele que não traz edificação.
Outras regras incluem a necessidade de se resumir os testemunhos para não tomar muito tempo do culto; não contar obras ou milagres que aconteceram com terceiros; proibição de pregar e doutrinar a igreja nos testemunhos e os ministros devem abreviar o tempo, caso ninguém levante-se para testemunhar.
A liberdade para testemunhar é perdida quando o membro infringe a doutrina, podendo ser temporária ou definitiva. Nos casos onde o membro é re-integrado, ele deve levantar-se e pedir perdão a Deus e a irmandade pelo motivo pelo qual se afastou.
Como se pode perceber, o momento do fiel discursar, está sujeito a uma série de regras. Se forem quebradas ou fugirem da prática costumeira, o membro está sujeito a ser repreendido e até mandado sentar-se. Numa cultura oral como é a da CCB, a liderança também vigia para que novas expressões, contrárias a doutrina, não sejam criadas, divulgadas através dos testemunhos e assimiladas pela igreja.
TESTEMUNHO REFLETE
O momento do testemunho, por ser a parte discursiva do membro no culto, reflete também como estes membros estão vivendo a religião e muitas são as igrejas que utilizam de formas parecidas de divulgar a operação divina. Serve como um termômetro, com certeza, para indicar o nível de religiosidade e de fé que a igreja vivencia. A Bíblia diz que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus e assim funciona, a pregação poderosa deve produzir fé nos corações. Estes alcançam bênção das mãos divinas e levantam-se para contar o que receberam, re-alimentando a fé dos demais.
Tanto são um indicativo da operação divina na comunidade, que muitos ministros costumam dizer que um testemunho aumenta a fé de quem ouve e até liberta uma alma que está passando pela mesma necessidade. Evidentemente, os testemunhos, são altamente favoráveis para a instituição, pois mostram que naquela igreja Deus está presente, cumprindo-se as promessas de Jesus quanto a guia do Espírito Santo e operação de sinais e maravilhas.
Conclusão
Testemunhar é bíblico e parte importante nos cultos e não deve acabar, apesar de ultimamente, não ouvirmos muitos testemunhos de milagres e maravilhas. A liderança deve olhar para este termômetro com atenção e tentar perceber o porque tem diminuído os testemunhos.
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